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− | Determinação experimental da relação q/m   do electrão | + | <big>Determinação experimental da relação q/m   do electrão </big> |
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| + | {|class="wikitable" style="background-color:#ccddff;" |
| + | | Não consegue ver as equações correctamente? Mude https para http no endereço desta página e recarregue. |
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| =Objectivo do trabalho= | | =Objectivo do trabalho= |
− | Pretende-se com este trabalho determinar a relação entre a carga e a massa q/m   do electrão. Para esse fim, vamos estudar a deflexão de um feixe de raios catódicos sob o efeito de um campo eléctrico e de um campo magnético. | + | Pretende-se com este trabalho determinar a relação entre a carga e a massa q/m   do [https://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron electrão ]. Para esse fim, vamos estudar a deflexão de um feixe de raios catódicos sob o efeito de um [https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_el%C3%A9trico campo eléctrico ] e de um [https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_magn%C3%A9tico campo magnético ]. Como as propriedades da trajectória do feixe dependem simultaneamente da massa \( m\) e da carga \( q\) das partículas que o constituem, a análise dessa trajectória permitirá determinar a razão q/m   . |
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− | =Conceitos fundamentais=
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− | Os raios catódicos foram descobertos em 1879 por William Crookes (1832--1919), mas foi Sir J. J. Thomson\footnote{Prémio Nobel da Física de 1906, em reconhecimento dos seus trabalhos teóricos e experimentais na condução da electricidade em gases.} (1856--1940) que, em 1897, relatou as experiências por si realizadas e que permitiram determinar o valor daquela relação. Além disso, estas experiências provaram que os raios catódicos são constituídos por partículas de carga negativa, desde então designadas por electrões. Neste trabalho iremos reproduzir aproximadamente a experiência de Thomson.
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− | <math>
| + | =Introdução= |
− | h \nu _0 = e \phi \quad ou \quad \nu _0 = \frac{e}{h} \phi
| + | [[file:TH-crt.png|thumb|upright=0.75 |alt=Tubo de raios catódicos|Tubo de raios catódicos]]Os [https://pt.wikipedia.org/wiki/Raio_cat%C3%B3dico raios catódicos] foram descobertos em 1879 por [https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Crookes William Crookes] (1832-1919), mas foi [https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_John_Thomson Sir J. J. Thomson]<ref>Prémio Nobel da Física de 1906, em reconhecimento dos seus trabalhos teóricos e experimentais na condução da electricidade em gases.</ref> (1856-1940) que, em 1897, relatou as experiências por si realizadas e que permitiram determinar o valor daquela relação. Além disso, estas experiências provaram que os raios catódicos são constituídos por partículas de carga negativa, desde então designadas por [https://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron electrões]. Neste trabalho iremos reproduzir aproximadamente a experiência de Thomson. |
− | </math> | + | [[file:TH-JJThomson.jpeg|thumb|upright=0.75 |alt=Joseph John Thomson|Joseph John Thomson]] |
| + | Thomson foi o primeiro a intuir que uma das unidades fundamentais do átomo era mais de mil vezes menor que o átomo, sugerindo a existência do electrão. Esta ideia teve origem precisamente nas suas explorações das propriedades dos raios cátodicos. |
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− | <math>
| + | Em inícios de 1897, Thomson tinha apenas indicações preliminares de que os raios cátodicos poderiam ser deflectidos por campos eléctricos, vindo depois a descobrir que os raios podiam ser desviados de forma fiável se o tubo de descarga fosse evacuado até uma pressão muito baixa. Ao comparar a deflexão dum feixe através de campos eléctricos e magnéticos, obteve as primeiras medições experimentais da relação entre a carga e a massa. O tubo de raios catódicos tornou-se assim o método clássico de medir a relação carga/massa do eletrão. A própria carga só foi medida na [https://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_da_gota_de_%C3%B3leo experiência da gota de óleo] de [https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Andrews_Millikan Robert A. Millikan] em 1909. |
− | {\mathbf E(r,z)} = E_0 \, \hat{\mathbf x} \, \frac{w_0}{w(z)}
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− | \exp \left( \frac{-r^2}{w(z)^2}\right )
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− | \exp \left(\! -i \left(kz +k \frac{r^2}{2R(z)} - \psi(z) \right) \!\right)
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− | </math>
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| + | Em 1904, Thomson sugeriu um [https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Thomson modelo do átomo] ("modelo de pudim de ameixa") na forma de uma esfera de matéria positiva dentro da qual as forças electrostáticas determinariam o posicionamento dos electrões. Para explicar a carga neutra global do átomo, propôs que os electrões estavam distribuídos num mar uniforme de carga positiva. |
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| + | Em 1906 Thomson recebeu o Prémio Nobel da Física pelos seus trabalhos sobre a condução de electricidade em gases. Dos seus muitos estudantes, sete vieram também a ganhar um Prémio Nobel: [https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Rutherford Ernest Rutherford], [https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Lawrence_Bragg Lawrence Bragg], [https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Glover_Barkla Charles Barkla], [https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_William_Aston Francis Aston], [https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Thomson_Rees_Wilson Charles T. R. Wilson], [https://pt.wikipedia.org/wiki/Owen_Willans_Richardson Owen Richardson] e [https://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Appleton Edward Victor Appleton]. |
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− | Os raios catódicos foram descobertos em 1879 por William Crookes (1832--1919), mas foi Sir J. J. Thomson\footnote{Prémio Nobel da Física de 1906, em reconhecimento dos seus trabalhos teóricos e experimentais na condução da electricidade em gases.} (1856--1940) que, em 1897, relatou as experiências por si realizadas e que permitiram determinar o valor daquela relação. Além disso, estas experiências provaram que os raios catódicos são constituídos por partículas de carga negativa, desde então designadas por electrões. Neste trabalho iremos reproduzir aproximadamente a experiência de Thomson.
| + | =Conceitos fundamentais= |
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| ==Campo electrostático== | | ==Campo electrostático== |
| + | [[file:fig1-thomson.jpg|thumb|upright=1.0 |alt=Definição dos termos para a geometria de duas cargas |Fig. 1 - Definição dos termos para a geometria de duas cargas]] |
| + | Define-se como sendo o campo eléctrico criado por uma distribuição de cargas que ''não evolui no tempo''. Considere-se por exemplo o par de cargas q1 e q2 imersas no vácuo, à distância r12  e situadas respetivamente em P1 e P2 conforme ilustrado na figura à direita. A força eléctrica que sofre q1 no ponto P1 devido a q2 em P2 à distância r12  é |
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− | Define-se como sendo o campo eléctrico criado por uma distribuição de cargas que ''não evolui no tempo''. Considere-se por exemplo o par de cargas \(q_1\)e \(q_2\) imersas no vácuo, à distância \(r_{12}\) e situadas respetivamente em \(P_1\)e \(P_2\) conforme ilustrado na figura à direita. A força eléctrica que sofre \(q_1\)no ponto \(P_1\)devido a \(q_2\)em \(P_2\)à distância \(r_{12}\)é
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
| + | ! style="background:#efefef;" |<math>\mathbf{F}_{P_1,q_1} (q_2, r_{1 2} ) =\frac{1}{4 \pi \varepsilon_0}\frac{q_1 q_2}{r_{1 2}^2} \hat{\mathbf{u}}_{r,P_1} = |
| + | - \mathbf{F}_{P_2,q_2} (q_1, r_{1 2} )</math> || \(\quad\quad (1)\) |
| + | |} |
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− | [[file:fig1-thomson.jpg|thumb|upright=1.0 |alt=Definição dos termos para a geometria de duas cargas |Definição dos termos para a geometria de duas cargas]] | + | |
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− | <math display="block">
| + | Dada uma carga \(q_1\) e um ponto \(P\) a uma distância \(r\), define-se o ''campo eléctrico'' \(\mathbf{E}\) em \(P\) como a força eléctrica por unidade de carga exercida sobre uma carga de prova ou teste, suposta unitária e positiva, colocada em \(P\): |
− | \begin{equation} | |
− | \mathbf{F}_{P_1,q_1} (q_2, r_{1 2} ) =\frac{1}{4 \pi \varepsilon_0}\frac{q_1 q_2}{r_{1 2}^2} \hat{\mathbf{u}}_{r,P_1} =
| |
− | - \mathbf{F}_{P_2,q_2} (q_1, r_{1 2} )
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− | \label{eq:eq1}
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− | \end{equation}
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− | </math>
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− | | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | | + | ! style="background: #efefef;" |<math>\mathbf{E}_P (q_1, r) = \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 r^2} \hat{\mathbf{u}}_{r, P} </math> || (2)   |
− | | + | |} |
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− | <math display="block"> | |
− | \mathbf{E}_P (q_1, r) = \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 r^2} \hat{\mathbf{u}}_{r, P}
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− | </math> | |
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| As unidades do campo eléctrico são o newton/coulomb (N/C) ou, mais habitualmente, o volt/metro (V/m). | | As unidades do campo eléctrico são o newton/coulomb (N/C) ou, mais habitualmente, o volt/metro (V/m). |
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| ou mais simplesmente: | | ou mais simplesmente: |
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− | <math display="block">
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | \mathbf{F} = q \mathbf{E} | + | ! style=" background:#efefef;" |<math>\mathbf{F} = q \mathbf{E}</math> || (3)   |
− | </math> | + | |} |
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| A expressão ''campo eléctrico'' também define a região do espaço onde se fazem sentir as acções eléctricas. | | A expressão ''campo eléctrico'' também define a região do espaço onde se fazem sentir as acções eléctricas. |
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| ==Potencial eléctrico== | | ==Potencial eléctrico== |
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− | O campo eléctrico e a força eléctrica, que são entidades vectoriais, podem também ser calculadas a partir de uma função capaz de descrever o campo mas de natureza escalar, o ''potencial eléctrico'' V . Para a situação referida acima, o potencial eléctrico criado no ponto P à distância r da carga q1  é calculado por: | + | O campo eléctrico e a força eléctrica, que são entidades vectoriais, podem também ser calculadas a partir de uma função capaz de descrever o campo mas de natureza escalar, o '' [https://pt.wikipedia.org/wiki/Potencial_el%C3%A9trico potencial eléctrico ]'' V . Para a situação referida acima, o potencial eléctrico criado no ponto P à distância r da carga q1  é calculado por: |
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− | <math display=“block”> \label{eq:pot_ele}
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− | V_P (q_1, r) = \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 r}
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− | </math>
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| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
| + | ! style="background:#efefef;" |<math>V_P (q_1, r) = \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 r} |
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| + | |} |
| No caso de uma distribuição de n cargas eléctricas qi  à distância ri  do ponto P onde se pretende calcular o campo eléctrico e o potencial, tem-se para o campo eléctrico | | No caso de uma distribuição de n cargas eléctricas qi  à distância ri  do ponto P onde se pretende calcular o campo eléctrico e o potencial, tem-se para o campo eléctrico |
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− | <math display="block">
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | \mathbf{E}_P = \frac{1}{4 \pi \varepsilon_0 } \sum_{i=1}^n \Big( \frac{q_i}{ r_i^2}\; \hat{\mathbf{u}}_{r_i , P} \Big) | + | ! style="background:#efefef;" |<math>\mathbf{E}_P = \frac{1}{4 \pi \varepsilon_0 } \sum_{i=1}^n \Big( \frac{q_i}{ r_i^2}\; \hat{\mathbf{u}}_{r_i , P} \Big)</math> |
− | </math> | + | |} |
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| e para o potencial | | e para o potencial |
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− | <math display="block">
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | V_P = \frac{1}{4 \pi \varepsilon_0 } \sum_{i=1}^n \Big( \frac{q_i}{ r_i} \Big) \nonumber
| + | ! style="background:#efefef;" |<math> V_P = \frac{1}{4 \pi \varepsilon_0 } \sum_{i=1}^n \Big( \frac{q_i}{ r_i} \Big) \nonumber</math> |
− | </math> | + | |} |
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− | [[file:fig2-thomson.jpg|thumb|upright=1.0 |alt=Linhas de força (a vermelho) e superfícies equipotenciais (a verde) de duas cargas simétricas|Linhas de força (a vermelho) e superfícies equipotenciais (a verde) de duas cargas simétricas]] | + | [[file:fig2-thomson.jpg|thumb|upright=0.75 |alt=Linhas de força (a vermelho) e superfícies equipotenciais (a verde) de duas cargas simétricas|Fig. 2 - Linhas de força (a vermelho) e superfícies equipotenciais (a verde) de duas cargas simétricas]] |
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− | <math display="block">
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | d V = V_{P+dP} - V_P = \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 r} \big( \frac{1}{r + dr} -\frac{1}{r} \big) \approx \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 } \big( - \frac{dr}{r^2} \big) = - \mathbf{E} \cdot d \mathbf{r} | + | ! style=" background:#efefef;" |<math>d V = V_{P+dP} - V_P = \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 r} \big( \frac{1}{r + dr} -\frac{1}{r} \big) \approx \frac{q_1}{4 \pi \varepsilon_0 } \big( - \frac{dr}{r^2} \big) = - \mathbf{E} \cdot d \mathbf{r}</math> || (5)   |
− | </math> | + | |} |
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− | <math display=“block”> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | V_Q-V_P = \lim_{n \to \infty } \sum_{i=1}^n dV_i = \lim_{n \to \infty } \sum_{i=1}^n \underbrace{( - \mathbf{E}_i \cdot d\mathbf{r}_i )}_{\overline{PQ}} \rightarrow \int - \mathbf{E} \cdot d\mathbf{r} | + | |
− | </math> | + | |} |
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− | \begin{equation*}
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | V_P - V_Q = \int_{\overline{PQ}} \mathbf{E} \cdot d \mathbf{r} | + | ! style="background:#efefef;" |<math>V_P - V_Q = \int_{\overline{PQ}} \mathbf{E} \cdot d \mathbf{r}</math> |
− | \end{equation*}
| + | |} |
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| e porque E (campo electrostático) é um campo conservativo, este integral não vai depender do percurso mas apenas dos pontos extremos, i.e. | | e porque E (campo electrostático) é um campo conservativo, este integral não vai depender do percurso mas apenas dos pontos extremos, i.e. |
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− | \begin{equation*}
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | V_P - V_Q = \int_P^Q \mathbf{E} \cdot d\mathbf{r} | + | ! style="background:#efefef;" |<math>V_P - V_Q = \int_P^Q \mathbf{E} \cdot d\mathbf{r}</math> |
− | \end{equation*}
| + | |} |
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− | No caso particular de E ser homogéneo (por exemplo no interior de um condensador plano) na região onde se situam os pontos P e Q afastados de uma distância D obtém-se | + | No caso particular de E ser homogéneo (por exemplo no interior de um [https://pt.wikipedia.org/wiki/Capacitor condensador ] plano) na região onde se situam os pontos P e Q afastados de uma distância D obtém-se |
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− | <math display=“block”>\label{eq:difPot} | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | V_P - V_Q = \mathbf{E}\cdot\overline{PQ}=E\cdot D | + | |
− | </math> | + | |} |
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| Para se compreender o significado físico de VP  imagine-se que Q é um ponto infinitamente afastado da região em que se faz sentir o campo eléctrico E . | | Para se compreender o significado físico de VP  imagine-se que Q é um ponto infinitamente afastado da região em que se faz sentir o campo eléctrico E . |
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− | {| class="wikitable" | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | |-
| + | ! style="background:#ddffdd;" |O potencial eléctrico VP  é a energia necessária para transportar a carga-teste, sob acção de E desde o ponto P até uma distância suficientemente grande tal que o campo eléctrico não se faça sentir. |
− | | O potencial eléctrico VP  é a energia necessária para transportar a carga-teste, sob acção de E desde o ponto P até uma distância suficientemente grande tal que o campo eléctrico não se faça sentir. | |
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| ==Energia electrostática== | | ==Energia electrostática== |
− | A energia associada a uma configuração de cargas q1  e q2  à distância r é dada por: | + | A [https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_eletrost%C3%A1tica energia associada a uma configuração de cargas ] q1  e q2  à distância r é dada por: |
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− | <math display=“block”> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | W = \frac{q_1 q_2}{4 \pi \varepsilon_0 r} = q_1 V_1 = q_2 V_2 = \frac{q_1 V_1 +q_2 V_2}{2}
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− | </math> | + | |} |
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− | Recordando a definição do potencial criado por n cargas eléctricas, podemos generalizar a equação ( ???   ) na seguinte forma: | + | Recordando a definição do potencial criado por n cargas eléctricas, podemos generalizar a equação ( 8) na seguinte forma: |
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− | <math display=“block”> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
| + | ! style="background:#efefef;" |<math> |
| W_E = \frac{1}{2} \sum_{i,j (i\ne j)}^n \frac{ 1 }{4 \pi \varepsilon_0} \frac{ q_i \, q_j }{r_{i\,j}} = | | W_E = \frac{1}{2} \sum_{i,j (i\ne j)}^n \frac{ 1 }{4 \pi \varepsilon_0} \frac{ q_i \, q_j }{r_{i\,j}} = |
| \frac{1}{2} \sum_{i=1}^n q_i \left( \sum_{j \ne i}^n \frac{ q_j }{4 \pi \varepsilon_0 \,r_{i\,j}} \right) = | | \frac{1}{2} \sum_{i=1}^n q_i \left( \sum_{j \ne i}^n \frac{ q_j }{4 \pi \varepsilon_0 \,r_{i\,j}} \right) = |
| \frac{1}{2} \sum_{i=1}^n q_i V_i | | \frac{1}{2} \sum_{i=1}^n q_i V_i |
− | </math> | + | |
− | | + | |} |
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| ==Condutores eléctricos e dieléctricos. Condensador plano== | | ==Condutores eléctricos e dieléctricos. Condensador plano== |
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− | [[file:fig-thomson-placa.jpg|thumb|upright=0.5 |alt=Distribuição da carga num condutor carregado |Distribuição da carga num condutor carregado]] | + | [[file:fig-thomson-placa.jpg|thumb|upright=0.75 |alt=Distribuição da carga num condutor carregado |Fig. 3 - Distribuição da carga num condutor carregado]] |
− | [[file:fig-thomson-placas.jpg|thumb|upright=0.5 |alt=Distribuição de cargas e forma do campo eléctrico num condensador |Distribuição de cargas e forma do campo eléctrico num condensador]] | + | [[file:fig-thomson-placas.jpg|thumb|upright=0.75 |alt=Distribuição de cargas e forma do campo eléctrico num condensador |Fig. 4 - Distribuição de cargas e forma do campo eléctrico num condensador]] |
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− | Um material é um ''condutor eléctrico ideal'' se as cargas eléctricas do mesmo sinal em excesso (que o carregam) são livres de se movimentarem no seu interior e à sua superfície. Quando pelo contrário isso não acontece, estamos perante um ''dieléctrico''. | + | Um material é um ''[https://pt.wikipedia.org/wiki/Condutor_el%C3%A9trico condutor eléctrico ideal]'' se as cargas eléctricas do mesmo sinal em excesso (que o carregam) são livres de se movimentarem no seu interior e à sua superfície. Quando pelo contrário isso não acontece, estamos perante um ''[https://pt.wikipedia.org/wiki/Diel%C3%A9trico dieléctrico]''. |
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− | Assim, se carregarmos um condutor com uma carga total Q (se Q>0   significa que se retiram electrões ao condutor inicialmente neutro) essas cargas, todas do mesmo sinal, vão acomodar-se logo que se atinja o equilíbrio electrostático, em posições que são o mais afastadas possíveis umas das outras -- ou seja, na superfície exterior do condutor, formando uma "folha" de carga. Pode mostrar-se que E no interior do condutor é nulo (enquanto que num dieléctrico E≠0   , e que a superfície do condutor é uma ''equipotencial'': logo, as linhas de força eléctricas são-lhe perpendiculares. Quando um material é carregado, a velocidade com que essas cargas se transferem de todo o volume do condutor para a superfície depende da sua condutividade. Se se considerar um condutor carregado, com geometria plana (uma placa), a carga vai distribuir-se sobre a superfície ( ver ilustração). | + | Assim, se carregarmos um condutor com uma carga total Q (se Q>0   significa que se retiram electrões ao condutor inicialmente neutro) essas cargas, todas do mesmo sinal, vão acomodar-se logo que se atinja o equilíbrio electrostático, em posições que são o mais afastadas possíveis umas das outras - ou seja, na superfície exterior do condutor, formando uma "folha" de carga. Pode mostrar-se que E no interior do condutor é nulo (enquanto que num dieléctrico E≠0   , e que a superfície do condutor é uma '' [https://pt.wikipedia.org/wiki/Equipotencial equipotencial ]'': logo, as linhas de força eléctricas são-lhe perpendiculares. Quando um material é carregado, a velocidade com que essas cargas se transferem de todo o volume do condutor para a superfície depende da sua [https://pt.wikipedia.org/wiki/Condutividade_el%C3%A9trica condutividade eléctrica]. Se se considerar um condutor carregado, com geometria plana (uma placa), a carga vai distribuir-se sobre a superfície ( Fig. 3). |
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− | | + | |
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| Pode mostrar-se que E fica confinado à região entre as placas. Se o condensador fosse infinito (sem extremidades) teríamos três regiões, as duas exteriores ao condensador, onde o campo E é nulo, e entre as placas do condensador (também designadas por armaduras), onde o campo seria homogéneo. | | Pode mostrar-se que E fica confinado à região entre as placas. Se o condensador fosse infinito (sem extremidades) teríamos três regiões, as duas exteriores ao condensador, onde o campo E é nulo, e entre as placas do condensador (também designadas por armaduras), onde o campo seria homogéneo. |
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| ==Efeitos da corrente eléctrica estacionária criada por uma espira== | | ==Efeitos da corrente eléctrica estacionária criada por uma espira== |
− | [[file:fig-fio.jpg|thumb|upright=0.5 |alt=Campo magnético produzido por um fio onde passa corrente |Campo magnético produzido por um fio onde passa corrente]] | + | [[file:fig-fio.jpg|thumb|upright=0.75 |alt=Campo magnético produzido por um fio onde passa corrente |Fig. 5 - Campo magnético produzido por um fio onde passa corrente]] |
− | [[file:fig-espira.jpg|thumb|upright=0.5 |alt=Campo magnético produzido por uma espira circular onde passa corrente |Campo magnético produzido por uma espira circular onde passa corrente]] | + | [[file:fig-espira.jpg|thumb|upright=0.75 |alt=Campo magnético produzido por uma espira circular onde passa corrente |Fig. 6 - Campo magnético produzido por uma espira circular onde passa corrente]] |
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− | A passagem da ''corrente eléctrica estacionária'' (i.e. cuja intensidade não varia no tempo) por um condutor cria um campo magnético B além de produzir calor por efeito de Joule. As ''linhas de força magnética'' produzidas por um fio condutor linear são circulares e concêntricas com o condutor (ver figura). O módulo de B num ponto a uma distância r do fio (medida na perpendicular ao fio) é | + | A passagem da '' [https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_el%C3%A9trica corrente eléctrica ] estacionária'' (i.e. cuja intensidade não varia no tempo) por um condutor cria um campo magnético B , além de produzir calor por [https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Joule efeito de Joule ]. As ''linhas de força magnética'' produzidas por um fio condutor linear são circulares e concêntricas com o condutor (ver Fig. 5). O módulo de B num ponto a uma distância r do fio (medida na perpendicular ao fio) é |
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− | <math display=“block”> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | |\mathbf{B_{\mathrm{fio}}}| = \frac{\mu_0 I}{2\, \pi \, r}
| + | |
− | </math> | + | |} |
− | | + | |
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| + | No caso de uma espira <ref>Termo que designa um circuito eléctrico fechado</ref> circular, é criado um campo magnético cujas linhas de força são curvas fora do seu eixo e lineares apenas ao longo do eixo. Pode provar-se que o campo magnético criado por uma espira de raio r percorrida por uma corrente de intensidade I tem linhas de força fechadas <ref>Mesmo aquelas que só ''fecham'' no infinito</ref>, ao contrário das linhas de força eléctricas. Isto coloca em evidência que B nos pontos do plano da espira, mas exteriores a esta, é antiparalelo a B no eixo da espira (Fig. 6). O módulo de B num ponto do eixo é dado por |
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− | | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | | + | |
− | | + | |} |
− | <math display=“block”> | |
− | |\mathbf{B}_{\mathrm{espira}}| = \frac{\mu_0 I}{2 r} \sin^3 \alpha
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− | </math> | |
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| ==Força de Lorentz== | | ==Força de Lorentz== |
− | [[file:Lorentz1.png|thumb|upright=0. 5 |alt=Trajectória circular para uma carga positiva q com velocidade v n a presença de um campo magnético Bin   perpendicular. |Trajectória circular para uma carga positiva q com velocidade v na presença de um campo magnético Bin   perpendicular.]] | + | [[file:Lorentz1.png|thumb|upright=0. 75 |alt=Trajectória circular para uma carga positiva q com velocidade v n a presença de um campo magnético Bin   perpendicular. | Fig. 7 - Trajectória circular para uma carga positiva q com velocidade v na presença de um campo magnético Bin   perpendicular.]] |
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− | [[file:Lorentz2.png|thumb|upright=0. 5 |alt=Carga positiva q com velocidade v na presença de um campo magnético Bin   e um campo eléctrico E . Os três vectores são mutuamente perpendiculares e estão orientados de modo que as forças têm sentidos opostos. |Carga positiva q com velocidade v na presença de um campo magnético Bin   e um campo eléctrico E . Os três vectores são mutuamente perpendiculares e estão orientados de modo que as forças têm sentidos opostos.]] | + | [[file:Lorentz2.png|thumb|upright=0. 75 |alt=Carga positiva q com velocidade v na presença de um campo magnético Bin   e um campo eléctrico E . Os três vectores são mutuamente perpendiculares e estão orientados de modo que as forças têm sentidos opostos. | Fig. 8 - Carga positiva q com velocidade v na presença de um campo magnético Bin   e um campo eléctrico E . Os três vectores são mutuamente perpendiculares e estão orientados de modo que as forças têm sentidos opostos.]] |
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− | Uma carga q animada de uma velocidade v numa região em que existe um campo de indução B e um campo eléctrico E fica submetida a uma força de Lorentz<ref>Se a força for apenas de origem magnética, | + | Uma carga q animada de uma velocidade v numa região em que existe um campo de indução B e um campo eléctrico E fica submetida a uma [https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_de_Lorentz força de Lorentz ]<ref>Se a força for apenas de origem magnética, |
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− | <math display=“block”> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | \mathbf{F} = q\mathbf{E} + q(\mathbf{v} \times \mathbf{B})
| + | |
− | </math> | + | |} |
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| A força de Lorentz resulta da soma vectorial de uma componente eléctrica e uma componente magnética, que verificam as seguintes propriedades: | | A força de Lorentz resulta da soma vectorial de uma componente eléctrica e uma componente magnética, que verificam as seguintes propriedades: |
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| | | |
| | | |
− | | + | |
| | | |
− | <math display=“block”> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | m\frac{v^2}{R}=qvB \rightarrow R=\frac{mv}{|q|B} | + | |
− | </math> | + | |} |
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− | Um caso particularmente interessante da força de Lorentz verifica-se quando a velocidade da carga é perpendicular tanto ao campo eléctrico como ao magnético. Nesse caso, as duas forças têm a mesma direcção. Adotando uma configuração como a representada na figura à direita, as forças eléctrica e magnética têm sentidos opostos e podem compensar-se, anulando-se, o que permite que a carga mantenha uma trajectória rectilínea. | + | Um caso particularmente interessante da força de Lorentz verifica-se quando a velocidade da carga é perpendicular tanto ao campo eléctrico como ao magnético. Nesse caso, as duas forças têm a mesma direcção. Adotando uma configuração como a representada na Fig. 8, as forças eléctrica e magnética têm sentidos opostos e podem compensar-se, anulando-se, o que permite que a carga mantenha uma trajectória rectilínea. |
| | | |
− | Nesta repetição da experiência de Thomson iremos utilizar estes dois princípios para determinar a razão q/m   . Num primeiro conjunto de medidas, iremos determinar o raio da trajectória de um feixe de raios catódicos na presença de um campo magnético . No segundo conjunto de medidas iremos equilibrar as forças de um campo magnético e um eléctrico de modo a que o feixe tenha uma forma aproximadamente rectilínea. | + | |
| + | * No primeiro conjunto de medidas, iremos determinar o raio da trajectória de um feixe de raios catódicos na presença de um campo magnético; |
| + | * No segundo conjunto de medidas iremos equilibrar as forças de um campo magnético e um eléctrico de modo a que o feixe tenha uma forma aproximadamente rectilínea. |
| | | |
| =Figuras dos aparelhos da montagem experimental= | | =Figuras dos aparelhos da montagem experimental= |
| | | |
− | {| class="wikitable" | + | {| class="wikitable" style="text-align: center;" |
− | |+ Vista do aparelho de Thomson
| + | |[[file:fig3-ThomsomEquip.jpg|thumb|center|upright=0.63]]||[[file:fig4-Thomson_Electron-Deflection-Tube-D.jpg|thumb|center|upright=0.75]] |
− | |-
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− | | <center>[[file:fig3-ThomsomEquip.jpg|thumb|]] </center>|| [[file:fig4-Thomson_Electron-Deflection-Tube-D.jpg|thumb|]] | |
| |- | | |- |
− | | Montagem da Experiência de Thomson com tubo de raios catódicos, suporte e par de bobinas de Helmholtz || Trajectória dos electrões sujeitos a um campo magnético perpendicular | + | | Fig. 9 - Montagem da Experiência de Thomson com tubo de raios catódicos, suporte e par de bobinas de Helmholtz || Fig. 10 - Trajectória dos electrões sujeitos a um campo magnético perpendicular |
| |} | | |} |
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| ==Material== | | ==Material== |
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− | [[file:fig5-TuboTL.jpg|thumb|upright=1.0 |alt=Diagrama do tubo utilizado e geometria das bobinas de Helmholtz. Esquerda: vista lateral, com ligações eléctricas do filamento e da tensão de aceleração. Direita: vista frontal, com ligações das bobinas de Helmholtz. |Diagrama do tubo utilizado e geometria das bobinas de Helmholtz. Esquerda: vista lateral, com ligações eléctricas do filamento e da tensão de aceleração. Direita: vista frontal, com ligações das bobinas de Helmholtz.]] | + | [[file:fig5-TuboTL.jpg|thumb|upright=1.5 |alt=Diagrama do tubo utilizado e geometria das bobinas de Helmholtz. Esquerda: vista lateral, com ligações eléctricas do filamento e da tensão de aceleração. Direita: vista frontal, com ligações das bobinas de Helmholtz. |Fig. 11 - Diagrama do tubo utilizado e geometria das bobinas de Helmholtz. Esquerda: vista lateral, com ligações eléctricas do filamento e da tensão de aceleração. Direita: vista frontal, com ligações das bobinas de Helmholtz.]] |
| | | |
| # Ampola (tubo) de raios catódicos (TRC), [https://www.3bscientific.com/pt/tubo-de-desvio-de-eletrons-d-1000651-u19155-3b-scientific-teltron,p_1003_1349.html modelo TEL 525]. | | # Ampola (tubo) de raios catódicos (TRC), [https://www.3bscientific.com/pt/tubo-de-desvio-de-eletrons-d-1000651-u19155-3b-scientific-teltron,p_1003_1349.html modelo TEL 525]. |
| # Fonte de alimentação do TRC, que inclui alimentação de alta tensão contínua (até 5000 V) aplicada aos eléctrodos (cátodo e ânodo) do TRC e alimentação de baixa tensão (6.3 V AC) para o filamento do TRC. | | # Fonte de alimentação do TRC, que inclui alimentação de alta tensão contínua (até 5000 V) aplicada aos eléctrodos (cátodo e ânodo) do TRC e alimentação de baixa tensão (6.3 V AC) para o filamento do TRC. |
− | # Par de bobinas que envolvem a parte esférica do TRC na configuração de Helmholtz (para criar um campo magnético aproximadamente homogéneo na região central entre as bobinas, de raio médio r e afastadas de r uma da outra). | + | # Par de bobinas que envolvem a parte esférica do TRC na configuração de Helmholtz (para criar um campo magnético aproximadamente homogéneo na região central entre as bobinas, de raio médio r e afastadas de r uma da outra). |
| # Fonte de alimentação de corrente '''contínua''' (em modo DC) para as bobinas. | | # Fonte de alimentação de corrente '''contínua''' (em modo DC) para as bobinas. |
| # Multímetro (como amperímetro) a instalar em '''série''' no circuito das bobinas. | | # Multímetro (como amperímetro) a instalar em '''série''' no circuito das bobinas. |
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| O campo de indução magnética B devido às bobinas de Helmholtz é aproximadamente uniforme na região central entre as bobinas, e para uma corrente I é dado por <ref>No sistema SI, a unidade de campo magnético é o Tesla (T), sendo | | O campo de indução magnética B devido às bobinas de Helmholtz é aproximadamente uniforme na região central entre as bobinas, e para uma corrente I é dado por <ref>No sistema SI, a unidade de campo magnético é o Tesla (T), sendo |
| 1 T=1 Weber/m 2 .</ref>: | | 1 T=1 Weber/m 2 .</ref>: |
− | <math> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | B = \left(\frac{4}{5}\right)^{3/2} \cdot \frac{\mu_0 n I}{r} = \frac{32 \pi n }{5 \sqrt{5}} \cdot \frac{I}{r} \cdot 10^{-7}\textrm{ Weber/m}^{2} | + | |
− | </math> | + | |} |
| + | onde n=320    espiras, r=0.068      m e r=d/2    . Note que o valor d nesta fórmula se refere ao ''diâmetro'' das bobinas (ver Fig. 11). Mais abaixo é usada a mesma designação para a distância entre as placas da âmpola, valor que deve ser medido. |
| | | |
− | onde \(n = 320\) espiras, \(r= 0.068\) m e \(r = d/2\).
| + | {|class="wikitable" style="background-color:#ffcccc;" |
| + | | [[file:Electrocution-Safety.png|thumb|upright=0.5]] || '''Atenção:''' Este trabalho envolve o uso de fontes de alta tensão (até 5 kV) e correntes eléctricas elevadas (até 1 A). Assegure-se de que cumpre rigorosamente as medidas de segurança com equipamentos eléctricos, em particular: |
| + | * Compreenda os [https://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_el%C3%A9trico riscos inerentes] a tensões e correntes elevadas |
| + | * Não pegue nos cabos ou conectores pela partes condutoras, apenas pelas partes isoladas |
| + | * Assegure-se de que as fontes de tensão e corrente estão dsligadas antes de efectuar qualquer alteração nas montagens eléctricas |
| + | * Em caso de dúvida, chame o docente |
| + | |} |
| | | |
| ==Determinação de q/m   por deflexão magnética== | | ==Determinação de q/m   por deflexão magnética== |
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| Quando se aplica uma tensão Ua  entre o ânodo e o cátodo (sem aplicar tensão entre os pontos 1 e 2 representados na figura acima), pode admitir-se que a velocidade final v dos electrões ao abandonarem o ânodo é dada pela seguinte expressão | | Quando se aplica uma tensão Ua  entre o ânodo e o cátodo (sem aplicar tensão entre os pontos 1 e 2 representados na figura acima), pode admitir-se que a velocidade final v dos electrões ao abandonarem o ânodo é dada pela seguinte expressão |
| | | |
− | <math> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | q\, U_a = \frac{1}{2} m \, v^2 | + | |
− | </math> | + | |} |
− | | |
| em que q é a carga do electrão e m a sua massa. | | em que q é a carga do electrão e m a sua massa. |
| | | |
| Os electrões entram, com velocidade horizontal, na parte esférica do tubo, onde são deflectidos pelo campo magnético B (com B⊥v)    . A sua trajectória passa então a ser circular, com raio R verificando-se: | | Os electrões entram, com velocidade horizontal, na parte esférica do tubo, onde são deflectidos pelo campo magnético B (com B⊥v)    . A sua trajectória passa então a ser circular, com raio R verificando-se: |
| | | |
− | <math> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | B \, q\, v = \frac{m\,v^2}{R} | + | |
− | </math> | + | |} |
− | | + | As trajectórias dos electrões podem ser visualizadas numa escala graduada feita de material fluorescente. A origem do reticulado está situada aproximadamente no início da zona sujeita ao campo B . Combinando ( 15) e ( 16) obtém-se uma expressão para a relação q/m   : |
− | | |
| | | |
− | {| class="wikitable" | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | |-
| + | |
− | | <math> | |
− | \frac{q}{m} = \frac{2\, U_a}{B^2\,R^2}
| |
− | </math> | |
| |} | | |} |
− |
| |
| | | |
| em que: | | em que: |
| * Ua  – impõe-se e mede-se diretamente no voltímetro da fonte de tensão. | | * Ua  – impõe-se e mede-se diretamente no voltímetro da fonte de tensão. |
− | * B – calcula-se, para uma dada corrente I a partir da expressão ( ???   ). | + | * B – calcula-se, para uma dada corrente I a partir da expressão ( 14). |
| * R – determina-se por leitura no écran fluorescente, das coordenadas de posição y (horizontal) e z (vertical) de pontos do feixe. Por construção do tubo verifica-se: | | * R – determina-se por leitura no écran fluorescente, das coordenadas de posição y (horizontal) e z (vertical) de pontos do feixe. Por construção do tubo verifica-se: |
| | | |
− | <math> R = \frac{y^2 + z^2}{2 \, z} | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | </math> | + | |
| + | |} |
| | | |
| ===Modo de proceder=== | | ===Modo de proceder=== |
| | | |
− | # Montar os circuitos eléctricos de acordo com a figura acima na secção [[Experiência_de_Thomson#Material|Material]]. Note que as ligações das bobinas devem garantir que a corrente eléctrica é percorrida no mesmo sentido, em ambas: para isso, deve usar os conectores na ordem A→Z   numa bobina e na ordem inversa na outra bobina. Chamar o docente para verificação, '''antes de ligar os aparelhos'''. | + | # Montar os circuitos eléctricos de acordo com a Fig. 11 (Secção [[Experiência_de_Thomson#Material|Material]] ). Note que as ligações das bobinas devem garantir que a corrente eléctrica é percorrida no mesmo sentido, em ambas: para isso, deve usar os conectores na ordem A→Z   numa bobina e na ordem inversa na outra bobina. Chamar o docente para verificação, '''antes de ligar os aparelhos'''. |
| # Verifique qual é o valor máximo da tensão disponível na fonte de alta tensão. Escolha um valor ligeiramente inferior. | | # Verifique qual é o valor máximo da tensão disponível na fonte de alta tensão. Escolha um valor ligeiramente inferior. |
| | | |
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| # Apresente os valores de q/m   para os 15 pares de determinações. Calcule a média desses valores, assim como a incerteza da média. | | # Apresente os valores de q/m   para os 15 pares de determinações. Calcule a média desses valores, assim como a incerteza da média. |
| # Para um dos pares de pontos, estime a contribuição relativa das incertezas das grandezas que mediu para a incerteza total. Compare este erro assim calculado com a incerteza calculada a partir dos 15 valores calculados. Apresente para cada raio o valor de q/m   assim como o erro associado a cada uma das determinações. Compare e comente os resultados. | | # Para um dos pares de pontos, estime a contribuição relativa das incertezas das grandezas que mediu para a incerteza total. Compare este erro assim calculado com a incerteza calculada a partir dos 15 valores calculados. Apresente para cada raio o valor de q/m   assim como o erro associado a cada uma das determinações. Compare e comente os resultados. |
− | # Apresente um valor final para q/m   . Estime a precisão e a exatidão obtida nas determinações que realizou. | + | # Apresente um valor final para \(q/m\), tendo em conta que se trata de uma ''combinação de resultados'' (e não uma média simples). Estime a precisão e a exatidão obtida nas determinações que realizou. |
| | | |
| ==Determinação de q/m   por deflexão magnética e eléctrica quase compensada== | | ==Determinação de q/m   por deflexão magnética e eléctrica quase compensada== |
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| ===Montagem a efectuar=== | | ===Montagem a efectuar=== |
| | | |
− | [[file:fig6-TuboTLE.jpg|thumb|upright=1.0 |alt=Deflexão magnética e eléctrica quase compensada: ligações eléctricas do filamento, da tensão de aceleração e das placas. |Deflexão magnética e eléctrica quase compensada: ligações eléctricas do filamento, da tensão de aceleração e das placas.]] | + | [[file:fig6-TuboTLE.jpg|thumb|upright=1.0 |alt=Deflexão magnética e eléctrica quase compensada: ligações eléctricas do filamento, da tensão de aceleração e das placas. |Fig. 12 - Deflexão magnética e eléctrica quase compensada: ligações eléctricas do filamento, da tensão de aceleração e das placas.]] |
| | | |
− | Aproveitando a montagem já efectuada no ponto anterior, ligue agora os terminais no topo e na base da âmpola (ver figura) à fonte de alta tensão que gera a tensão Ua  produzindo assim na região do écran fluorescente um campo eléctrico. Fazendo com que as bobinas sejam percorridas por uma corrente com intensidade e "sentido" convenientes, podemos obter uma força de origem magnética anti-paralela à provocada pelo campo E . Deste modo, a trajectória visualizada no écran será aproximadamente retilínea, sendo a condição de equilíbrio dada por: | + | Aproveitando a montagem já efectuada no ponto anterior, ligue agora os terminais no topo e na base da âmpola (ver figura) à fonte de alta tensão que gera a tensão Ua  produzindo assim na região do écran fluorescente um campo eléctrico. Fazendo com que as bobinas sejam percorridas por uma corrente com intensidade e "sentido" convenientes, podemos obter uma força de origem magnética anti-paralela à provocada pelo campo E . Deste modo, a trajectória visualizada no écran será aproximadamente retilínea, sendo a condição de equilíbrio dada por: |
− | | |
− | <math>
| |
− | \label{eq:equil2}
| |
− | |\vec{E}| = v\, |\vec{B}| = \frac{U_a}{d}
| |
− | </math>
| |
| | | |
| + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
| + | ! style="background:#efefef;" |<math> |\vec{E}| = v\, |\vec{B}| = \frac{U_a}{d}</math>|| (19)    |
| + | |} |
| onde d é a distância entre as placas do écran fluorescente e Ua  a tensão entre as mesmas, que é como se disse igual à tensão de aceleração. A equação acima permite-nos calcular a velocidade dos electrões, uma vez que podemos conhecer os valores de todas as outras variáveis aí intervenientes. O conhecimento de v permite-nos calcular q/m   tendo em conta que, segundo <math>qU_a=mv^2/2</math>, deverá ser: | | onde d é a distância entre as placas do écran fluorescente e Ua  a tensão entre as mesmas, que é como se disse igual à tensão de aceleração. A equação acima permite-nos calcular a velocidade dos electrões, uma vez que podemos conhecer os valores de todas as outras variáveis aí intervenientes. O conhecimento de v permite-nos calcular q/m   tendo em conta que, segundo <math>qU_a=mv^2/2</math>, deverá ser: |
| | | |
− | <math> | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | \frac{q}{m} = \frac{v^2}{2} \; \frac{1}{U_a} | + | ! style="background:#efefef;" |<math>\frac{q}{m} = \frac{v^2}{2} \; \frac{1}{U_a} |
− | </math> | + | |
| + | |} |
| | | |
| Eliminando o termo <math>v</math> obtemos finalmente: | | Eliminando o termo <math>v</math> obtemos finalmente: |
− | | + | {| border="0" cellpadding="5" cellspacing="0" align="center" |
− | {| class="wikitable" | + | ! style="background:#efefef;" |<math>\frac{q}{m} = \frac{1}{2} \; \frac{U_a}{B^2d^2} |
− | |-
| + | |
− | | <math>\frac{q}{m} = \frac{1}{2} \; \frac{U_a}{B^2\; d^2} </math> | |
| |} | | |} |
| | | |
− | ==Modo de proceder== | + | ===Modo de proceder=== |
| | | |
| # Para cada uma das quatro tensões de trabalho Ua  já referidas, aplicadas agora também às placas que produzem o campo eléctrico, determine o valor de B (a partir de I que conduz ao anulamento das forças de origem eléctrica e magnética. | | # Para cada uma das quatro tensões de trabalho Ua  já referidas, aplicadas agora também às placas que produzem o campo eléctrico, determine o valor de B (a partir de I que conduz ao anulamento das forças de origem eléctrica e magnética. |
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| # Apresente os valores de q/m   . Analise as diferentes contribuições para a incerteza total. Estime o valor da relação carga/massa do electrão, assim como a precisão e a exatidão obtida nas determinações que realizou. | | # Apresente os valores de q/m   . Analise as diferentes contribuições para a incerteza total. Estime o valor da relação carga/massa do electrão, assim como a precisão e a exatidão obtida nas determinações que realizou. |
| # Observe a trajectória quando as forças de origem eléctrica e magnética não se compensam. Comente. | | # Observe a trajectória quando as forças de origem eléctrica e magnética não se compensam. Comente. |
| + | |
| + | =Notas= |
| + | <references /> |
| + | |
| + | =Ligações externas= |
| + | * [https://www.youtube.com/watch?v=5YYVnHN7xwM Charge to mass ratio of an electron] Animação da experiência de Thomson |
| + | * [https://www.youtube.com/watch?v=ZxtPGN8Ipa0 Motion of electric charges in a uniform magnetic field] Animação do movimento de cargas em campos magnéticos uniformes |
| + | * [https://www.youtube.com/watch?v=q4Hjqvyv-Ek Deflection of an electron beam in a magnetic field] Deflexão de um feixe de raios catódicos num campo magnético |